Leia sobre a cozinha dos locais onde fomos no blog Falando de Culinária e escolha onde ir (e de onde correr!) em suas viagens.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

1ª travessia do Pantanal

De Miranda - MS rumamos para o pantanal propriamente dito, passamos por Buraco das Piranhas, que não passa de um posto policial com um boteco na frente (se você não prestar atenção passa direto, sem ver) e aí entramos pela estrada-parque até a Fazenda Santa Clara. A fazenda é também uma pousada administrada por uma família simpatissíssima, que nos recebeu super bem. A estrada-parque é um show a parte, basta passar por ali para ver mais animais que em toda sua vida. Você enjoa de ver jacarés. No primeiro dia saímos com um guia da fazenda e dois campinenses que também passeavam por lá, entramos uns 40 km dentro da Nhecolândia, um espetáculo. Se não fosse pelas manchas de cerrado e águas, na forma de lagoas, que de repente você encontra pelo caminho daria para fazer uma linha reta com o carro de tão plano. Foi um rally do pantanal, corremos em estradas de areia, pasto, alagados, e vimos uma quantidade absurda de animais – jacarés, tamanduás, tatus, guaxinins, pássaros de várias espécies...




Depois de alguma insistência conseguimos do pessoal da pousada um passeio particular sem turistas pelo rio Abobral, que corta a propriedade. Andamos bastante pelo rio, e também por regiões alagadas, inclusive onde tem uma casa de fazenda que a água cercou, alagando toda a volta, formou uma bela paisagem.



Quando saímos da fazenda, fomos pela estrada parque até Corumbá. Há 12 km do fim da estrada vimos um palanque na lateral esquerda, com um plaquinha "Sítio Arqueológico". Nos chamou atenção, e paramos para ver do que se tratava. Não identificamos nada no local, e saímos curiosos. Depois descobrimos que este sítio é de Petróglifos, mas são difíceis de visualizar pq o solo está coberto de vegetação, sujo, e as marcações estão numa lage de pedra a frente deste palanque. Você pode ver os desenhos copiados no Museu do Homem Pantaneiro, em Corumbá.
Saindo de lá fomos à Corumbá, com o intuito de entrar na Bolívia rumo à Cáceres, optamos por este trajeto porque inexistindo estrada que cruze o Pantanal de cabo a rabo a melhor opção era entrar pela Bolivia num arco de cerca de 300 a 400 km que dar a volta por Campo Grande e Cuiabá (o que faria uns 1130 km). Ingressar na Bolívia proporciona um choque de civilização. Não é tanto pelo aspecto indígena do povo, é pela aparência de república da banana que se apresenta.
De cara vc olha o mapa e não vê mais que dois povoados numa distancia de 400 km. E chegando neles vc percebe que são povoados mesmo. Rodam-se horas sem que se veja ninguém, mesmo os veículos são poucos. Não há criação de gado aparente, não se vêem cercas, só mato. Asfalto só até uns 40 km depois de Puerto Suarez. O lixo é atirado pelas janelas dos carros de maneira que se vê um sem número de sacolas de plástico de lixo doméstico nas margens das estradas. Um contraste grande com o nosso lado da fronteira, no qual não se passam 50 km sem uma cidade pequena, nossa malha rodoviária é de asfalto ruim, mas é asfalto. Aqui tem cerrado, mas a todo momento se tem vestígio der presença humana, especialmente pecuária e cercas.
O trajeto mais direto para Cáceres é entrando por Puerto Suarez, ao chegar em Ruínas de Sto. Corazon pega-se a direita até Santo Corazon, e de lá até San Matías. Como queríamos conhecer San Jose de Chiquitos, local com ruínas jesuíticas, acabamos andando bem mais que o necessário.


Chegamos em San Jose de Chiquitos depois de longas horas em estradas muito ruins e pernoitamos por lá. A comida é muito barata pelo câmbio atual, paga-se uns três ou quatro pesos bolivianos por uma cerveja Paseña, que é muito boa, o que dá + ou – um real a garrafa de litro. Sempre presente as empanadas, não custam mais que dois pesos. Não se viaja a noite nesta região por medo de assalto. Alias, da fronteria até San Jose de Chiquitos não havia posto de polícia. Quando se vê um carro de modelo vendido no Brasil, e posso estimar que foi cerca de vinte por cento dos veículos que vi depois da fronteira, quase sempre é sem placa, indicando o tráfico de veículos roubados do lado de cá. De San Jose de Chiquitos seguimos para San Rafael e de lá para Tunas e San Matías. Rodamos um total de 700 km de estradas de terra, com pouquíssimos povoados, e sem rede para abastecimento. Sem um carro com um bom tanque, pode ser perigoso ficar na estrada, anda-se facilmente 400 km sem ver um posto.
Na saída da Bolívia não tem nada do lado de lá, entrando no Brasil tem um posto da polícia federal, é o que nos indicou que havíamos chegado. Fomos até Cáceres (70 km da fronteira), tomar um merecido banho, já que estávamos impregnados de tanta poeira. E de lá para o pantanal norte, pela transpantaneira. A estrada parque do pantanal sul nos pareceu mais rica em vida, vimos poucos animais sem compararmos as duas.
Infelizmente uma doença nos fez voltar e não tivemos oportunidade de conhecer esta parte do pantanal, fica para um próxima vez.

DICAS PARA PANTANAL:
Hospedagem – no Pantanal a hospedagem é feita em fazendas, que foram transformadas em Hotéis, alguns muito chiques e caros. Normalmente o sistema é pensão completa (até porque não tem onde ir comprar nada). A Santa Clara, onde ficamos, é boa, pessoal muito simpático, de lá eles organizam passeios, safáris fotográficos, pescarias, cavalgadas, na fazenda e na região ao redor. Existem muitas fazendas, mas não são tão diferentes quanto aos passeios que oferecem. Diferem mais as acomodações e preços. Verifique antes, ligue e reserve para não ter surpresas. A maioria dos visitantes é estrangeiro, portanto os passeios já são bem padronizados, mas você sendo brasileiro facilita qualquer negociação de alguma coisa diferente que queira fazer e não esteja no roteiro básico. Se você for animado, pode acertar com um guia de fazer os passeios sozinho (com seu grupo apenas), aumentar ou diminuir o tempo a seu gosto, até ir a outros locais onde normalmente não se leva os grupos de turistas. No rally que fizemos com os outros 2 únicos brasileiros da pousada, ficamos o dia todo (6 da manhã até umas 7 da noite) numa área mais distante, enquanto os turistas fizeram um passeio de umas 2 ou 3 horas no entorno da fazenda!

BOLÍVIA:

As estradas são realmente ruins e os postos muito distantes um do outro, portanto não vá sem tração, e onde tiver posto encha o tanque, pq nunca se sabe onde será o próximo.
Vc encontra pousadas super simples no caminho, e comida não é problema, e é bem barata. Eles comem muitos grãos (milho, soja, cangica...) e frango, mas pode comer tudo sem problemas que provavelmente vai gostar, não é tão diferente da nossa.

Conseguimos um guia de estradas (tipo o nosso 4 rodas), mas nem nele se pode confiar, de uma página para a outra as indicações de distancia são diferentes. Mas melhor que nada, pelo menos mostra o roteiro. Você consegue um na zona franca de Puerto Suarez, dentro do shoping.

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